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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Vídeo resgata o drama das famílias que perderam tudo na maior catástrofe ambiental do país


Os moradores de Paracatu de Baixo eBento Rodrigues, distritos de Mariana localizados a mais de 100 km de Belo Horizonte (MG), viveram no dia 5 de novembro a maior tragédia de suas vidas. Neste dia, uma das três barragens da mineradora Samarco situadas naquela região sofreu uma ruptura e derramou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos no Rio Gualacho, que desemboca no Rio Doce. A lama seguiu o curso do rio até a sua foz, no Espírito Santo.

O mar de lama deixou casas e ruas destruídasO Caminhos da Reportagem foi até Bento Rodrigues resgatar o drama das famílias que perderam tudo o que tinham e ainda buscam notícias dos parentes desaparecidos. É o caso da dona de casa Marli de Fátima Felício Felipeque, um mês depois da tragédia, ainda espera encontrar o corpo da mãe. “Ainda tenho essa esperança. É uma vida que se perdeu. É um ser humano, não é animal, tem que ser encontrado”, desabafa a dona de casa.

Nossa equipe conversou com especialistas para saber as causas do acidente, se a tragédia poderia ter sido evitada e qual o destino daqueles que continuam em hotéis e abrigos à espera de um novo lugar para reconstruir a vida, de preferência, juntos. “É fazer um novo Bento agora. Lá dentro do Bento mesmo, não. Lá, eu não quero mais, não. Mas fazer um outro lugar, uma nova vila para botar todo mundo igual nós era lá, eu acho bom”, sonha dona Oridenes Da Paixão De Souza, de 83 anos, uma das moradoras mais antigas da comunidade.


O lavrador Divino se recusa a sair de sua casa mesmo depois da enxurrada

A lama, que já percorreu mais de 600 quilômetros, deixou cidades


Ficha Técnica:
Reportagem: Ana Graziela Aguiar e Bruno Faustino
Imagens: André Pacheco e Lion Arthur
Apoio às imagens: Rede Minas e TVE-ES
Edição de Texto: Ana Maria Passos, Flávia Lima e Patrícia Araújo
Edição de imagens: André Eustáquio, Henrique Corrêa, Márcio Stuckert, Richard Pereira
Produção: Beatriz Abreu, Débora Brito, Flávia Peixoto, Mariana Fabre, Pollyane Marques,Patrícia Leite, Tiago Bittencourt
Arte: Antônio Trindade

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Pesquisadores alertam sobre os riscos de agrotóxicos na saúde da população






Brasil é considerado “lixeira tóxica” na produção de alimentos. Dos 50 defensivos mais utilizados no país, 22 são proibidos na Europa.

No Dia Mundial de Combate aos Agrotóxicos, 3 de dezembro, os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho no Mato Grosso do Sul realizaram evento em Campo Grande para alertar a população sobre os riscos da utilização de defensivos agrícolas. Pesquisas apontam prejuízos ao meio ambiente e danos (imediatos e crônicos) na saúde de trabalhadores e consumidores, tanto pela ingestão, quanto pelo contato com os agrotóxicos.

De acordo com o Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), lançado no evento, 70% dos alimentos no país estão contaminados por agrotóxicos. Entre 2007 e 2014, foram mais de 34 mil notificações por intoxicação nos hospitais públicos e, de 2000 a 2012, o uso de agrotóxicos cresceu 288% no Brasil.

“Câncer, suicídio, intoxicações… são muitos os danos já identificados em pesquisas pelo consumo e contato com agrotóxicos. A grande dificuldade é provar o nexo causal, já que as consequências do uso indiscriminado de defensivos surgem 10, 20 anos após a exposição de trabalhadores”, ressalta Cléber Folgado, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia.

Para o procurador do Trabalho Leontino Ferreira de Lima Junior, “a sociedade tem o direito de ter acesso à informação, de saber exatamente o que está consumindo e quais são os riscos colocados na mesa das pessoas e de suas famílias”.

Lixeira tóxica – Em Mato Grosso do Sul, o agronegócio potencializa a exposição aos agrotóxicos e a fronteira seca com o Paraguai facilita o contrabando de defensivos. A situação é agravada pelo despreparo dos profissionais de saúde em identificar a correlação entre as doenças e o uso dos agrotóxicos, o que dificulta o dimensionamento dos impactos.

Na visão do pesquisador Cléber Folgado, o agronegócio produz mercadorias, enquanto a agroecologia põe comida na mesa. “Não é preciso de agrotóxicos para produzir comida. Há centenas de pessoas morrendo no campo sem saber o porquê.”

De acordo com a Abrasco, dos 50 agrotóxicos mais utilizados no Brasil, 22 são proibidos na União Europeia. Pelo alto consumo dos defensivos, o Brasil é considerado uma “lixeira tóxica”. Contudo, na visão de Alberto Feiden, pesquisador da Embrapa Pantanal, é possível mudar esse quadro. “É uma falácia dizer que é impossível produzir alimentos sem produtos químicos. Há como substituir os agrotóxicos por sistemas de manejo, um resgaste de práticas tradicionais em prol do reequilíbrio do meio ambiente”.

O Dossiê Abrasco está disponível em versão on-line no endereço:http://abrasco.org.br/dossieagrotoxicos.

Informações do Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul, in EcoDebate, 07/12/2015

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

MPMG questiona lei ambiental


Projeto que reorganiza o Conselho Estadual de Política Ambiental tem brecha para excluir órgão

NATHÁLIA LACERDA / BERNARDO LACERDA
MARCELO LAGES/ESPECIAL PARA O TEMPO

Uma brecha no Projeto de Lei (PL) 2.946/2015, que reorganiza o Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema) e o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), pode deixar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) fora das principais decisões ambientais do Estado. Nesta quarta, durante uma reunião do Copam para discutir a participação do conselho na força-tarefa para propor alternativas de destinação de rejeitos de mineração, a promotoria questionou o texto do PL. Hoje, o Copam conta com câmaras temáticas, que deliberam, entre outros assuntos, sobre os projetos de licenciamento ambiental. No texto do PL, elas serão substituídas por câmaras técnicas especializadas, o que pode acabar excluindo o MPMG.

Agora, a participação do órgão depende de um decreto do governador Fernando Pimentel, que detalhará qual será a estrutura do Copam. “O decreto ainda será editado. Na verdade, o PL também precisa ser votado em redação final, e, se for sancionado nos atuais moldes, o licenciamento das classes 5 e 6 (de maior impacto) ficará como responsabilidade das câmaras técnicas. Se o MPMG vai fazer ou não parte delas, nós só saberemos quando o decreto sair”, disse o secretário de Estado de Meio Ambiente, Sávio Souza Cruz.

A possibilidade de ser excluída das câmaras técnicas do Copam preocupou a promotoria, que não poderá deliberar em empreendimentos de maior impacto, como minerações, barragens e grandes projetos agropecuários. “O que pode ocorrer é a retirada de efetividade do MPMG, mas nós vamos aguardar o decreto para avaliar quais ações poderemos tomar”, disse Mauro Ellovitch, promotor de Meio Ambiente das Bacias Hidrográficas do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba.

Ele detalha que a justificativa dada é que o MPMG não poderia participar da câmara técnica para deliberar sobre os licenciamentos por não ser um órgão do meio ambiente. “Mas a participação técnica do órgão é a jurídica”, justifica Ellovitch. “Por isso, a gente avalia com preocupação, pois o órgão é um ator importante no controle do licenciamento ambiental. Nós trabalhamos para o controle de legalidade nos empreendimentos”.

Segundo ele, o PL mantém formalmente o Ministério Público no conselho, mas afasta o órgão dos projetos impactantes, causadores de grandes problemas ambientais, que trazem maior risco para a sociedade. “O MPMG não vai deixar de atuar caso haja a deliberação pelo Copam, mas vai demandar maior judicialização dos processos”, alertou. Outras entidades que compõem o conselho reprovaram a saída do MPMG. Para Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), “a saída é um retrocesso violento”.

O PL – de autoria do Poder Executivo – já foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e agora aguarda a redação final para ter seu parecer votado em plenário e seguir para a sanção do governador Fernando Pimentel (PT).