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terça-feira, 22 de abril de 2014

Documentário mostra riscos dos agrotóxicos nos alimentos


No país que mais consome agrotóxicos no mundo, há alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores. É o que procura mostrar o filme O Veneno Está na Mesa 2, novo documentário do cineasta Silvio Tendler, lançado quarta-feira (16), no Teatro Casa Grande, no Leblon, zona sul do Rio.

O filme dá continuidade à reflexão sobre o perigo que o uso de agrotóxicos representa para a saúde, mostrada no primeiro documentário de Tendler sobre o tema, com o mesmo título e lançado em 2011. Com 70 minutos de duração, O Veneno Está na Mesa 2 avança na desconstrução do mito de que a utilização dos defensivos agrícolas é indispensável para garantir abundância de alimentos na mesa do consumidor.

Os dois documentários fazem parte de uma estratégia de ação da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, iniciativa que reúne movimentos sociais e entidades no objetivo comum de sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam. A partir daí, a ideia é propor medidas para frear seu uso no Brasil. “O povo brasileiro não pode mais engolir essa história de que o agrotóxico é a modernidade no campo. Ele gera câncer, trabalho escravo e manda todo seu lucro para o exterior”, disse Alan Tygel, um dos coordenadores da campanha.

A produção do filme contou com o apoio da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vem desenvolvendo iniciativas para que a produção de alimentos sem veneno se torne uma alternativa viável. De acordo com o diretor Silvio Tendler, não há sentido em se construir uma economia baseada na destruição da natureza.

“A agroecologia é fundamental como forma de produção econômica, social e de desenvolvimento. No filme eu mostro pessoas que plantam e cultivam de forma sadia e também as dificuldades que elas enfrentam para a comercialização dos alimentos que produzem”, destacou o cineasta.

A exemplo do primeiro documentário da série, visto por mais de um milhão de pessoas, O Veneno Está na Mesa 2 será distribuído gratuitamente para um circuito alternativo de exibição. Escolas, universidades, comunidades, igrejas, assentamentos de trabalhadores rurais e outros locais integram esse circuito, coordenado pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. (Fonte: Agência Brasil)

terça-feira, 15 de abril de 2014

Escassez de chuvas em 2014 provocou 3ª pior vazão dos reservatórios, diz ONS


A escassez de chuvas fez com que as médias de acúmulo de água nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste fechassem o primeiro trimestre do ano com a 3ª pior vazão desde que a medição começou a ser feita, em 1932. A constatação é do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que divulgou na última sexta-feira (11) o Sumário Executivo do Programa Mensal de Operação para a semana de 12 a 18 de abril.

Nele consta que as médias de afluência do Subsistema Nordeste registraram, em fevereiro e março, as piores vazões dos últimos 82 anos. Os dados indicam porém, que a passagem de uma frente fria, na semana passada, pelos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste precipitou chuvas fracas nas bacias dos rios Paranapanema, Tietê, Grande, Paraíba do Sul e Paranaíba, bem como em pontos isolados dos rios Iguaçu e São Francisco.

As previsões do ONS para esta semana também não são nada animadoras, uma vez que estima diminuição das chuvas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e estabilidade de vazão nos reservatórios que atendem aos subsistemas Nordeste e Norte. A expectativa é de que o mês de abril termine com relativa melhora de captação de água na Região Sul, redução de chuvas no Nordeste e estabilidade dos níveis de água nas demais regiões.

Do ponto de vista da demanda por energia, os dados indicam previsão de taxa de crescimento de 1,4% para a Região Nordeste, comparado a igual período do ano passado. A taxa de crescimento na Região Sul está estimada em 3,6%, enquanto deve crescer 5,3% nos subsistemas SE/CO e 22,9% na Região Norte, por causa da interligação de Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN). (Fonte: Agência Brasil)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A tecnologia da natureza, artigo de Montserrat Martins



[EcoDebate] Um engenheiro acampado com sua equipe às margens de um rio na Amazônia foi alertado por um pescador que o rio iria subir com a chuva, mas respondeu que ele não se preocupasse porque “nossos instrumentos não detectaram sinais de chuva para essa noite”. Durante a madrugada, tiveram de se mudar às pressas, já em meio à chuva. Intrigado, no dia seguinte o engenheiro procurou o pescador para saber como ele poderia saber que ia chover, se os próprios aparelhos não haviam detectado a precipitação. Então o pescador respondeu: “O senhor está vendo aquelas formigas ali? Quando elas se mudam do formigueiro de baixo para o de cima, é porque vai chover. E esse instrumento não falha nunca”.

Essa história verídica é uma das muitas contadas no livro da jornalista Marília de Camargo César, “Marina, a vida por uma causa”, sobre a história de vida da líder ambientalista cuja infância foi vivida como seringueira, no meio do mato acreano, sem conhecer luz elétrica na primeira década de sua vida, até ser levada para Rio Branco para fazer tratamento de saúde. Histórias ricas em sabedoria da natureza e sua tecnologia natural desenvolvida ao longo de milhares de anos, tal como as antenas das formigas, que nenhum instrumento criado pelo homem consegue igualar. E só quem vive em harmonia com a natureza é capaz de colher dela conhecimentos que poderiam se tornar úteis a todos. É o caso dos índios, mas o que o país fez deles?

Estima-se que até 3 milhões de índios viviam no Brasil há cinco séculos, restando hoje cerca de 300 mil em aldeias (segundo a Funai), com muitas de suas tribos já extintas, e 900 mil com etnia indígena pelo censo do IBGE, a maioria já aculturados. Em “Brasil: uma história”, Eduardo Bueno (jornalista gaúcho conhecido como “Peninha”) nos lembra que “ainda assim, os povos remanescentes constituem 215 nações e falam 170 línguas diferentes”. Sua expectativa de vida é de apenas 45 anos, a mortalidade infantil de 150 para cada mil nascidos e a ameaça de extinção os persegue. Os mais numerosos são os Ticuna (23 mil índios), os Xavante e os Kayapó. Peninha narra o drama vivido pelos Guarani-Kayowá: “Agrupados em reservas improdutivas, submetidos a um regime de trabalho semi-escravo e despojados de suas tradições, 236 Kayowá se mataram em menos de uma década… Com suas reservas ameaçadas também pela usina de Belo Monte, ameaçam tirar a própria vida”.

Se a natureza tem uma rica tecnologia que sequer somos capazes de imaginar, como as antenas das formigas, imaginem o que todos perderemos com a extinção dos índios e de sua cultura. Chocante por si só, o genocídio dos índios nos últimos cinco séculos não sensibilizou a sociedade a ponto de que esta exija dos seus governantes a proteção destes e a preservação de sua cultura. Talvez se tivermos uma vaga ideia do que todos estamos perdendo é que possamos nos interessar mais pelo assunto.

Medicamentos, cosméticos e toda uma sorte de produtos naturais extraídos da flora amazônica se tornam cada vez mais mundialmente conhecidos, alguns produzidos por empresas brasileiras, outros por biopirataria. Na mais “moderna” forma de colonialismo em pleno século XXI, espécies brasileiras – principalmente da Amazônia – são patenteadas por empresas estrangeiras. A japonesa Nippon Mektron detém uma patente de remédio extraído da espinheira santa, a indústria farmacêutica alemã Merk tem a patente da planta jaborandi. Enquanto o Congresso Brasileiro descaracteriza o próprio Código Florestal, abrindo as portas para a devastação da Amazônia, e fecha os olhos ao genocídio indígena, as riquezas naturais são saqueadas.



Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é Psiquiatra.

EcoDebate, 11/04/2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Mudanças climáticas põem em risco segurança hídrica na América do Sul


Diminuição das chuvas e aumento da temperatura poderão causar impactos na geração de energia e na agricultura dos países da região, indica relatório do IPCC






As mudanças climáticas já observadas e as projetadas para as Américas do Sul e Central colocarão em risco a segurança hídrica das regiões e terão impactos diretos no abastecimento doméstico e industrial e em setores fortemente dependentes de água, como o de geração de energia hidrelétrica e a agricultura.

O alerta é do Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades às Mudanças Climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apresentado no dia 31 de março em Yokohama, no Japão, e em seguida no dia 1º de abril, na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro.

O capítulo 27 do documento, que aborda as projeções das mudanças climáticas paras as Américas do Sul e Central, destaca que a vulnerabilidade atual de abastecimento de água nas zonas semiáridas das duas regiões e nos Andes tropicais deverá aumentar ainda mais por causa das mudanças climáticas. E o problema poderá ser agravado pela redução das geleiras andinas, pela diminuição de chuvas e pelo aumento da evapotranspiração nas regiões semiáridas das Américas do Sul e Central, previstos pelo IPCC.

Se essas previsões forem confirmadas, elas afetarão o abastecimento de água das grandes cidades e de pequenas comunidades nas duas regiões. Além disso, comprometerão a geração de energia hidrelétrica e a produção de alimentos, aponta o relatório.

“No fim das contas, os principais impactos das mudanças climáticas previstos para as Américas do Sul e Central estão relacionados com a água”, disse Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do capítulo 27 do relatório, durante a apresentação da publicação, no Rio de Janeiro.

“Todos os setores que dependem, de alguma forma, de água poderão ser afetados”, estimou Buckeridge. De acordo com o relatório, as Américas do Sul e Central contam com boa disponibilidade de água, mas o recurso hídrico é distribuído de forma desigual nas duas regiões.

O principal usuário de água nas Américas do Sul e Central é a agricultura, seguido pelo abastecimento dos 580 milhões de habitantes das duas regiões, excluídos os 14% que hoje nem sequer têm acesso ao recurso, aponta o documento.

Ainda de acordo com a publicação, a energia hidrelétrica é a principal fonte de energia renovável nas duas regiões, correspondendo a 60% de suas matrizes energéticas, enquanto em outras regiões essa contribuição é, em média, de 20%.

Como a projeção é de aumento de chuvas em algumas regiões do Brasil, os sistemas de energia hidrelétrica baseados principalmente no Rio Paraná poderão ter um ligeiro aumento na produção de energia.

No entanto, o restante do sistema hidrelétrico do país – especialmente os localizados no Nordeste – poderá enfrentar diminuição na geração de energia, comprometendo a confiabilidade de todo o sistema, aponta o relatório.

“Imagine se eventos climáticos extremos, como os períodos de seca combinados com altas temperaturas que ocorreram no início deste ano na região Sudeste do Brasil, também acontecerem eventualmente na região Sul do país. Eles poderiam afetar fortemente o funcionamento de usinas hidrelétricas como as de Itaipu”, disse Buckeridge à Agência FAPESP.

Impactos nos alimentos

Na agricultura, as mudanças climáticas previstas para as duas regiões poderão causar diferentes impactos na produção de alguns tipos de alimentos e na segurança alimentar das populações, indica o relatório.

Mesmo com a diminuição prevista da disponibilidade de água, a cana-de-açúcar e a soja são mais propensas a responder positivamente ao aumento das emissões de gás carbônico e às mudanças de temperatura e aumentar a produtividade e a produção.

No Nordeste do Brasil, contudo, deverá cair o rendimento de culturas de subsistência para a população da região, como feijão, milho e mandioca, e haverá redução de áreas atualmente favoráveis para o cultivo de feijão caupi.

E um aquecimento de 5,8 °C em 2100 (o pior dos cenários previstos) poderia tornar a colheita de café inviável em Minas Gerais e São Paulo – os dois maiores produtores do grão no Brasil.

“O que tem se observado em termos de impacto das mudanças climáticas na agricultura em regiões de latitudes médias e tropicais é que, à exceção da soja, haverá redução na produção principalmente de trigo, arroz e milho cultivados nessas regiões”, disse José Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um dos autores do capítulo 27, durante o evento de lançamento no Rio de Janeiro.

“E essas culturas agrícolas compõem, basicamente, a cesta básica da maioria dos países em desenvolvimento”, afirmou.

O relatório pondera que, como resultado de taxas de crescimento mais elevadas e melhor eficiência do uso da água, algumas culturas nas Américas do Sul e Central, incluindo soja, feijão, milho e cana-de-açúcar, poderão até responder com uma produtividade cada vez maior.

A qualidade nutricional desses alimentos, no entanto, deve diminuir em razão do teor de açúcar mais elevado em grãos e frutas e a redução do teor de proteína em cereais e leguminosas, apontam pesquisadores da área.

“Estudos mais recentes demonstram que, com aumento de gás carbônico na atmosfera, as plantas crescem mais e ficam mais robustas. O teor de proteínas delas diminui, em média, 7% e isso gera uma queda na qualidade dos alimentos”, avaliou Buckeridge.

Algumas práticas de adaptação sugeridas pelo relatório do IPCC são avanços no melhoramento genético para o desenvolvimento de culturas agrícolas mais bem adaptadas a eventos climáticos extremos e para atender a demanda mundial por alimentos nas próximas décadas.

Segundo projeções do relatório, até 2040 será preciso aumentar, no mínimo, 70% a produção mundial de alimentos, e a América do Sul e a África são as únicas regiões no mundo que dispõem de terra agricultável disponível para atender parte dessa demanda.

“Não terá como aumentar a produção da maioria das espécies de vegetais por meio da genética clássica”, disse Buckeridge. “Será preciso utilizar a biotecnologia para transformar as plantas de modo que produzam mais alimentos e sejam mais bem adaptadas às mudanças climáticas”, avaliou.

Matéria de Elton Alisson, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 10/04/2014

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Artigo da Nature mostra que a floresta amazônica desempenha importante papel para o mundo





O impacto de distúrbios naturais na floresta amazônica sobre o balanço de carbono é o tema de um artigo publicado no último dia 18 na revista Nature, que tem como coautor o pesquisador Raimundo Cosme de Oliveira Junior, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA). O artigo mostra que mesmo com os distúrbios que ocasionam a perda de árvores (biomassa), a floresta ainda é a grande responsável pelo sequestro de carbono, ou seja, por capturar da atmosfera gases que ocasionam o efeito estufa, confirmando assim o papel de destaque da região no cenário das mudanças climáticas globais.

Os distúrbios naturais são em sua maioria derrubadas de árvores por ventos e chuvas e representam 2% de perda da floresta. No estudo, o grupo de pesquisadores avaliou distúrbios de diferentes escalas e frequências na floresta e sua interferência na perda de biomassa e carbono, e chegou à conclusão de que a floresta amazônica pode ser um grande sumidouro de carbono terrestre. “Existe uma divergência no meio científico sobre se a floresta é sumidouro ou emissora de CO2, com o trabalho queremos provar que é um sumidouro”, esclarece o pesquisador Raimundo Cosme. Um sumidouro é um processo, atividade ou mecanismo que retira os gases de efeito estufa da atmosfera, ao contrário de uma fonte que emite os gases. Portanto, realiza o sequestro de carbono, atividade importante no processo de contenção das mudanças climáticas.

Ao analisar as diferentes intensidades dos distúrbios e seus efeitos, o trabalho mostrou que os distúrbios de pequena escala são os que ocasionam mais perda de biomassa (88%), e por isso impactam mais no balanço de carbono. Já as perdas de média e grande intensidade têm menor impacto sobre a floresta. “Isso porque os distúrbios em pequenas áreas ocorrem mais vezes do que nas grandes áreas, ocasionado uma perda maior quando somadas”, explica o pesquisador.

O artigo é assinado por pesquisadores da Nasa (EUA), Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA), Universidade de Leeds (Reino Unido), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa (Brasil), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (Brasil), Universidade de New Hampshire (EUA), Instituto Nacional de Pesquisas Especiais – Inpe (Brasil), Jardim Botânico de Missouri (EUA), Universidade de Stanford (EUA) e Universidade de Nottingham (Reino Unido).

A Nature é uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo, classificada como A1 pela Capes, e também uma das mais antigas: sua primeira edição data de 1869.

Texto de Ana Laura Lima, Embrapa Amazônia Oriental, publicado pelo EcoDebate, 04/04/2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Rio de Janeiro é uma das primeiras capitais a testar ônibus 100% elétrico





A cidade do Rio será uma das primeiras capitais, junto com São Paulo e Salvador, a testar o ônibus 100% elétrico, apresentado nesta sexta-feira (28/03), no Aterro do Flamengo. O E-Bus circula pelas ruas da cidade, desde segunda-feira (31), na linha 249, que faz o trajeto Água Santa-Carioca. O veículo fará três viagens de manhã e duas à tarde. Os testes deste novo modelo do sistema de ônibus vão durar um mês e contam com o apoio da Prefeitura do Rio e do Grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática, que é atualmente presidido pelo prefeito Eduardo Paes.

- O Rio, mais uma vez, é pioneiro, trazendo tecnologia de ponta a nível mundial. Um ônibus totalmente elétrico para entrar em testes nas ruas da cidade. Isso espelha dois compromissos: o da prefeitura com a sustentabilidade e a busca de maior conforto, mais tecnologia e mais comodidade para o sistema de ônibus do Rio. Estamos orgulhosos por estrear no Brasil esse meio de transporte e temos certeza que será aprovado pelos passageiros – destacou o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio.

Esse modelo, da empresa chinesa BYD, é o primeiro 100% elétrico produzido em massa no mundo e o único que usa bateria de fosfato de ferro, considerada a mais limpa e segura já que são recicláveis e à prova de fogo. As baterias ficam no teto e nos eixos do veículo e serão recarregadas através de um sistema já instalado na Rodoviária A. Matias Consórcio Internorte, responsável pela linha 249. A recarga leva apenas cinco horas e permite autonomia de 250km.

- Nós já testamos ônibus híbridos, a gás, e entendemos que o grande futuro está reservado ao sistema de ônibus elétrico. Vamos testar esse veículo, verificar sua adequação, segurança e autonomia. Se, a partir disso, entendermos que ele possa ser viável comercialmente, nós pretendemos ter outros veículos, de modo a viabilizar com essas novas tecnologias, transporte sustentável, com emissão zero de poluente – disse o presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira.

O ônibus comporta 29 passageiros sentados e 50 em pé, além do espaço reservado para cadeirantes. Seu consumo energético, segundo a empresa fabricante, é equivalente a 1,2KWh/Km, com menor custo operacional e de manutenção que um ônibus convencional. Os motores elétricos ficam embutidos nas rodas do eixo traseiro, são silenciosos e não emitem poluentes. A configuração, além de permitir recuperar energia nas frenagens, oferece piso baixo em toda a extensão da carroceria, o que facilita o acesso das pessoas portadoras de deficiência e idosos.






Quem está bastante animado com essa novidade é o motorista Cláudio Queiroz, que conduzirá o veículo. Ele foi selecionado na empresa pela boa capacidade em lidar com o público idoso e com deficientes.

- Estou adorando essa ideia de transportar os passageiros nesse ônibus, que é muito bom, sem ruído, confortável e com pouca absorção de calor. Além de tudo isso, ele não polui o meio ambiente – disse o motorista.

Autor: Anna Beatriz Cunha / Fotos: Raphael Lima

Informe da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, publicado pelo EcoDebate, 03/04/

terça-feira, 1 de abril de 2014

Mudanças climáticas aumentam riscos globais de fome, inundações e conflitos, alerta IPCC




O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – denominado “Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” – afirmou que os efeitos das mudanças climáticas, em sua maior parte, ocorrem pela mal preparação para seus riscos.

O documento alertou que, embora ações possam ser tomadas, a gestão de impactos do fenômeno será difícil em meio a um planeta aquecendo rapidamente.

O IPCC, que foi divulgado nesta segunda-feira (31) em Yokohama, no Japão, detalha os impactos das mudanças climáticas até agora, os riscos futuros e as oportunidades para medidas eficazes de reduzir dos riscos. Conclui que a resposta às mudanças climáticas envolvem fazer escolhas sobre os riscos em um mundo mudando constantemente.

O relatório identifica as pessoas, indústrias e ecossistemas vulneráveis por todo o mundo e descobre que o risco de uma mudança climática vem da vulnerabilidade (falta de preparação) e exposição (pessoas ou bens em perigo) sobreposta aos riscos (acontecimentos ou tendências climáticas).

Parabenizando as conclusões do IPCC, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório confirma que os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem já estão generalizadas e consequentes, afetando a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o abastecimento de água e algumas indústrias.

“Para diminuir esses riscos, a redução substancial das emissões globais de gases de efeito estufa deve ser feita juntamente com estratégias e ações para melhorar a preparação contra os desastres, bem como para reduzir a exposição a eventos causados pelas alterações climáticas inteligentes”, disse Ban, em um comunicado divulgado por seu porta-voz em Nova York.

O secretário-geral da ONU estimulou todos os países a agir com rapidez e ousadia em todos os níveis, para trazer anúncios e ações ambiciosas para a cúpula do clima, no dia 23 de setembro, e fazer todos os esforços necessários para chegar a um acordo climático jurídico global até 2015.

O presidente do IPCC, Rajendra K. Pachauri, considera que os impactos apresentados no relatório e aqueles que estão sendo projetados para o futuro só confirmam que ninguém ficará imune à mudança climática.


Uma parte de uma das mais de 200 ilhas de Palau, uma nação insular no Oceano Pacífico ameaçada pela elevação do nível do mar. Foto: IRIN/Jaspreet Kindra

O encolhimento de geleiras, migração de espécies, diminuição da produtividade das culturas, aumento de doenças transmitidas por vetores e aumento de eventos extremos são alguns dos fatores citados por Pachauri como evidência da necessidade que a comunidade internacional tem de fazer escolhas para melhor adaptação e diminuição dos efeitos negativos.

“O mundo tem que levar a sério este relatório, porque há implicações com a segurança do abastecimento de alimentos, os impactos de eventos extremos na morbidade e mortalidade, impactos graves e irreversíveis sobre espécies e um risco de cruzar vários pontos de ruptura por causa do aumento da temperatura”, disse Pachauri, explicando que esses impactos também afetam a segurança humana, podendo provocar deslocamento da população em massa ou aumento de conflitos.

Um total de 309 pessoas, entre eles coordenadores, autores e editores de revisão de 70 países, foram selecionados para produzir o relatório. Eles pediram a ajuda de 436 autores e de um total de 1.729 especialistas e colaboradores governamentais.

“Vivemos em uma era artificial de mudança climática”, disse Vicente Barros, co-presidente do Grupo de Trabalho II. “Em muitos casos, não estamos preparados para os riscos relacionados com o clima que já enfrentamos. Os investimentos em uma melhor preparação podem ter dividendos, tanto para o presente quanto para o futuro.”

Segundo o relatório, as pessoas que são socialmente, economicamente, culturalmente, politicamente, institucionalmente ou de alguma outra forma marginalizadas são especialmente vulneráveis às alterações climáticas e também para algumas respostas de adaptação e diminuição de risco.

A característica marcante dos impactos observados é que eles estão acontecendo dos trópicos para os pólos, de pequenas ilhas a grandes continentes, e dos países mais ricos aos mais pobres.

“A adaptação pode desempenhar um papel fundamental na redução desses riscos”, afirma Barros. “Ela é muito importante. O mundo enfrenta uma série de riscos de mudanças climáticas já contidos no sistema climático, devido às emissões passadas e infraestrutura existente”.

O IPCC foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma visão científica clara sobre a mudança do clima e seus potenciais impactos ambientais e socioeconômicos. Hoje, possui 195 Estados-membros.

Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade (sumário).



Informe da ONU Brasil, publicado pelo EcoDebate, 01/04/2014