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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Brasil ocupa posição 77 em ranking de países mais verdes


Apesar de toda sua exuberância natural, o Brasil ocupa o 77º lugar no ranking de países mais verdes do mundo em 2014. É que pelos critérios do Environmental Performance Index (EPI), lista bienal elaborada pelas Universidades de Yale e de Columbia, o que conta mesmo é como os países cuidam dos seus recursos naturais.

E aí o desempenho brasileiro deixou a desejar. No ranking, o país somou 52.97 pontos de 100, bem distante da líder Suíça, que fez 87.67 pontos.

Na análise por categoria, o país apresentou melhor desempenho no quesito qualidade do ar, com 97.67 pontos. Mas se saiu pior na preservação de recursos florestais, levando um vexatório 10 de 100 pontos, o que coloca o Brasil como o 115º país que melhor cuida de suas florestas.

Os pesquisadores americanos classificaram 178 países com base em 20 indicadores distribuídos por 9 categorias: critérios de saúde ambiental; poluição do ar; recursos hídricos; biodiversidade e habitat; recursos naturais; florestas; energia e clima; recursos pesqueiros e água e saneamento. (Fonte: Exame.com)

Influência humana é clara no aquecimento “inequívoco” do planeta, diz IPCC


O aquecimento do planeta é “inequívoco”, a influência humana no aumento da temperatura global é “clara”, e limitar os efeitos das mudanças climáticas vai requerer reduções “substanciais e sustentadas” das emissões de gases de efeito estufa. A conclusão é do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que divulgou nesta quinta-feira (30/01), em Genebra, a primeira parte do quinto relatório sobre o tema.

Os cientistas do IPCC – que já foram premiados com o Nobel da Paz em 2007 – fizeram um apelo enfático para a redução de gases poluentes. “A continuidade das emissões vai continuar causando mudanças e aquecimento em todos os componentes do sistema climático”, afirmou Thomas Stocker, coordenador e principal autor da Parte 1 do quinto Relatório sobre Mudanças Climáticas, cuja versão preliminar já foi apresentada em setembro de 2013.

O documento serviu de base durante a Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre o Clima em Varsóvia, na Polônia, no final do ano passado. Em 1500 páginas, cientistas de todo o mundo se debruçaram sobre as bases físicas das mudanças climáticas, apoiados em mais de 9 mil publicações científicas.

“O relatório apresenta informações sobre o que muda no clima, os motivos para as mudanças e como ele vai mudar no futuro”, disse Stocker.

Correções – A versão final divulgada nesta quinta é um texto revisado e editado e não tem muitas mudanças em relação ao documento apresentado em setembro do ano passado, que elevou o alerta pelo aquecimento global e destacou a influência da ação humana no processo.

“A influência humana no clima é clara”, afirma o texto. “Ela foi detectada no aquecimento da atmosfera e dos oceanos, nas mudanças nos ciclos globais de precipitação, e nas mudanças de alguns extremos no clima.”

Segundo o IPCC, desde a década de 1950, muitas das mudanças observadas no clima não tiveram precedentes nas décadas de milênios anteriores. “A atmosfera e os oceanos estão mais quentes, o volume de neve e de gelo diminuíram, os níveis dos oceanos subiram e a concentração de gases poluentes aumentou”, diz um resumo do documento.

“Cada uma das últimas três décadas foi sucessivamente mais quente na superfície terrestre que qualquer década desde 1850. No hemisfério norte, o período entre 1983 e 2012 provavelmente foi o intervalo de 30 anos mais quente dos últimos 800 anos”, prossegue.

Aquecimento dos oceanos – O grupo de cientistas também lembra que o aquecimento dos oceanos domina o aumento de energia acumulada no sistema climático, e que os mares são responsáveis por mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010.

“É praticamente certo que o oceano superior (até 700m de profundidade) aqueceu neste período, enquanto é apenas provável que tenha acontecido o mesmo entre 1870 e 1970″, diz o relatório.

O nível dos mares também aumentou mais desde meados do século 20 que durante os dois milênios anteriores, segundo estima o IPCC. Entre 1901 e 2010, o nível médio dos oceanos teria aumentado cerca de 20 centímetros, diz o documento.

As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e protóxido de nitrogênio (conhecido como gás hilariante) aumentaram, principalmente por causa da ação humana. Tais aumentos se devem especialmente às emissões oriundas de combustíveis fósseis. Os oceanos, por exemplo, sofrem acidificação por absorver uma parte do CO2 emitido.

Futuro sombrio – A temperatura global deverá ultrapassar 1,5ºC até o final deste século em comparação com níveis estimados entre 1850 e 1900. O aquecimento global também deverá continuar além de 2100, mas não será uniforme, dizem os cientistas do clima. As mudanças nos ciclos da água no mundo também não serão homogêneos neste século, e o contraste entre regiões secas e úmidas e regiões de seca e de chuvas deverá aumentar.

O resumo do texto ainda constata que a acumulação de emissões de CO2 deverá ser determinante para o aquecimento global no final do século 21 e adiante. “A maioria dos efeitos das mudanças climáticas deverão perdurar por vários séculos, mesmo com o fim das emissões.”

Até outubro, o IPCC ainda vai publicar mais duas partes do relatório e também um documento final. A segunda parte será divulgada em março, no Japão, e detalhará os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade a mudanças climáticas. Em abril, Berlim será palco das conclusões do IPCC sobre mitigação. (Fonte: Terra)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Expansão agrícola mundial pode destruir 849 milhões de hectares de terras naturais


Agência da ONU alerta que mais de 849 milhões de hectares de terras naturais serão degradados até 2050 se práticas mais sustentáveis não forem adotadas na agricultura. América Latina é uma das regiões sob maior risco.


Uma área quase do tamanho do Brasil de terrenos naturais corre o risco de ser degradada até 2050, caso práticas sustentáveis de uso da terra não sejam adotadas e a agricultura global continue se expandido na proporção dos últimos anos. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que destaca entre as regiões mais ameaçadas as florestas da América Latina, da Ásia e da África Subsaariana.

“O mundo nunca havia experimentado uma redução tão acentuada dos serviços e funções dos ecossistemas terrestres como nos últimos 50 anos. As florestas e zonas úmidas estão sendo convertidas em terrenos agrícolas para alimentar a crescente população”, afirma Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma.

A expansão das fronteiras agrícolas é causada, por um lado, pelo aumento na demanda por alimentos e bicombustíveis, devido ao crescimento populacional, e, por outro lado, pela degradação do solo, ocasionado pela má gestão do campo. A perda de biodiversidade e a destruição ambiental generalizada já afetam 23% do solo mundial.


Produção de biocombustíveis impulsionou expansão agrícola

Sem uma mudança nas práticas agrícolas, mais de 849 milhões de hectares de terrenos naturais serão degradados até 2050, aponta o relatório do Pnuma divulgado na última sexta-feira (24/01).

“Ao reconhecer que a terra é um recurso finito, precisamos aumentar a nossa forma de produzir, oferecer e consumir os produtos obtidos a partir dela. Nós devemos ser capazes de definir e respeitar os limites dos quais o mundo pode funcionar com segurança para salvar milhões de hectares até 2050″, diz Steiner.

Tendência é a expansão

Atualmente a agricultura consome mais de 30% da superfície continental do planeta, e as terras cultivadas abrangem em torno de 10% do terreno mundial. Entre 1961 e 2007, a região de cultivo se expandiu em 11%. O relatório aponta a continuidade em ritmo acelerado dessa tendência de expansão.

Nos últimos 50 anos, a ampliação da fronteira agrícola ocorreu à custa de florestas tropicais. Enquanto houve um declínio da área plantada na União Europeia, especialmente em Itália e Espanha, Leste da Europa e América do Norte, ocorreu um aumento das terras cultivadas na América do Sul, principalmente em Brasil, Argentina e Paraguai, na África e na Ásia.

Desde a década de 1990, essas fronteiras estão sendo ampliadas para compensar as terras que estão se tornado improdutivas devido a práticas agrícolas não sustentáveis. A agência alerta que se o padrão de expansão desta década continuar, vai atingir principalmente as florestas da América Latina, da Ásia e da África Subsaariana.


Consumo sustentável é essencial para o meio ambiente

Alternativas sustentáveis

O relatório aponta que a área cultivada global para suprir a demanda poderia aumentar com segurança até no máximo 1,640 milhão de hectares. Mas adverte que se as condições atuais permanecerem, em 2050 a demanda vai ultrapassar esse espaço.

A agência sugere como medidas para aumentar a produtividade nas atuais regiões agrícolas melhorias na gestão do solo, o incentivo a práticas ecológicas e sociais de produção, o monitoramento do uso da terra, investimentos na recuperação de terras degradadas e a integração conhecimentos locais e científicos – além da redução nos subsídios de culturas destinadas à fabricação de combustíveis.

Além dos fatores agrícolas, a agência aponta o consumo excessivo como um dos aspectos que levou a essa expansão. O relatório reforça que políticas para reduzir esses níveis e fomentar o consumo sustentável são essenciais para reverter a situação.

Se o mundo incentivar a agricultura sustentável, além de reduzir o consumo e a expansão agrícola, cerca de 319 milhões de hectares podem ser salvos até 2050.

Matéria de Clarissa Neher, na Agência Deutsche Welle, DW, reproduzida pelo EcoDebate, 29/01/2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Vídeo da Nasa mostra ‘evolução’ do calor no planeta entre 1950 e 2013


Cientistas do setor de pesquisa climática da agência espacial americana, a Nasa, divulgaram um vídeo que mostra o aumento da temperatura em diferentes partes do planeta entre 1950 e 2013.

De acordo com o Instituto Goddard para Estudos Espaciais, o ano passado empatou com 2009 e 2006 como o sétimo mais quente desde 1880, quando começaram as medições deste tipo.

Em 2013 a média global da temperatura foi de 14,6ºC, 0,6ºC mais quente que a média registrada em todo século 20. Segundo a agência, a temperatura média da Terra está 0,8ºC mais alta desde 1880.

Os cientistas enfatizam que flutuações das temperaturas de ano para ano fazem parte dos padrões climáticos, mas os constantes aumentos nos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra podem direcionar para mais períodos de calor a longo prazo no planeta.

Ainda de acordo com a Nasa, o ano passado foi o 42º mais quente no território continental dos Estados Unidos. Para alguns outros países, como a Austrália , 2013 foi o ano mais quente já registrado.

Relatório do IPCC – Em setembro passado, cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgaram novo relatório que aumenta o grau de certeza em relação à responsabilidade do homem no aquecimento global.

O texto afirmava que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha aumentado a temperatura global a partir de segunda metade do século passado.

O documento mostrava também que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para “níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos”.

Quanto às previsões, o IPCC sugeriu que até 2100 a temperatura no planeta pode aumentar entre 2,6 ºC 4,8 ºC se não houver controle do lançamento de gases-estufa. Além disso, o nível do mar pode subir 82 centímetros nos próximos 87 anos no mesmo cenário. (Fonte: G1)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Tecnologia Terminator, de restrição de uso, compromete segurança alimentar, alertam técnicos






Além da possibilidade da contaminação genética de lavouras não transgênicas, a tecnologia terminator, de restrição de uso, pode comprometer a segurança alimentar, alertam especialistas contrários à adoção dessa prática. Especialistas e representantes da sociedade civil temem que a permissão para aplicar tal tecnologia em sementes usadas na produção de fármacos seja o passo inicial para esterilização de sementes destinadas à alimentação.

Se isso ocorresse, os agricultores ficariam impossibilitados de reutilizar sementes da colheita anterior e dependentes das grandes empresas do setor. Para a engenheira agrônoma Maria José Guazelli, da organização não governamental (ONG) Centro Ecológico, o Projeto de Lei 268/2007 – que não é o único sobre o assunto, mas tem a tramitação mais adiantada no Congresso Nacional – busca contornar a moratória internacional, ao propor a autorização do mecanismo apenas para um tipo de semente.

“A moratória deixa de ser total. Primeiro é [o uso da tecnologia] não alimentar e depois vai debilitando a moratória”, avalia a agrônoma. Para ela, o argumento da assessoria do deputado Eduardo Sciarra (PSD-PR), autor do projeto de lei, de que a própria moratória recomenda que sejam realizados estudos sobre a tecnologia, não se sustenta. “Isso [que a proposta de lei autoriza] não é estudar, e sim pôr em prática. Já tentaram derrubar a moratória em 2006 e agora estão tentando novamente”, diz Maria José, referindo-se à 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre a Biodiversidade, em que um grupo de países pediu a discussão do uso da tecnologia com avaliação caso a caso.

A nutricionista Daniela Frozi, membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), também acredita que a aprovação do projeto no Brasil abriria um precedente. “Avançamos [ao ter uma lei que proíbe] e agora estamos retrocedendo. [A tecnologia] já foi rejeitada em várias partes do mundo, tem uma moratória, documentação em diferentes fóruns”, enumera.

Daniela ressalta que faltam estudos que atestem a segurança dessa e de outras técnicas de manipulação genética de alimentos e plantas, inclusive para a saúde humana. “Não há estudos conclusivos, nem para o bem, nem para o mal.” No caso específico das sementes terminator, a nutricionista acredita que há uma questão ética envolvida. “A semente é um bem comum. É como se estivéssemos falando do ar. Não procede do ponto de vista de qualquer tipo de senso criar uma semente que não é capaz de se reproduzir”, defende.

O próprio Consea, colegiado composto de membros do governo e da sociedade civil, que assessora a Presidência da República e tem papel apenas consultivo, já emitiu mais de um documento com posicionamento contrário à tecnologia de restrição de uso. No mais recente, de 2013, o Consea pede o arquivamento do Projeto de Lei 5.575/2009, do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que também permite o uso do procedimento de manipulação genética, argumentando que “a tecnologia visa a reforçar a privatização das sementes, fortalecendo a capacidade de cobrança de royalties”.

O pesquisador Francisco Aragão, responsável pelo laboratório do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia , da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), afirma que a construção de uma semente terminator, para ser usada na agricultura, não seria viável. “Da maneira como ainda existe, ela pode ser feita, mas não é um mecanismo muito prático. Exige que se produzam as sementes, que são mergulhadas em solução de tetraciclina, e isso reduz a germinação, dificulta o uso no plantio. Está no papel, é possível ser feita, mas não é viável para a agricultura”, destaca Aragão. Por esse motivo, ele acredita que a produção seria improvável.

Além da suposta dificuldade, buscando acalmar os ânimos, a Monsanto, uma das multinacionais que detêm patente da tecnologia, mantém um comunicado em seu site no qual garante que não comercializará sementes estéreis de culturas alimentícias. Segundo a empresa, o compromisso foi assumido em 1999. “Permanecemos firmes em nosso compromisso. Não temos nenhum plano ou pesquisa que o viole”, diz o texto, ressaltando que a restrição de uso tem aspectos “positivos e negativos”.

Para Maria José Guazelli, no entanto, esse posicionamento não traz tranquilidade. “A Monsanto reafirma que não vai usar [a tecnologia] para alimentos, mas não afirma que não vai usá-la”, pondera a agrônoma.

Reportagem de Mariana Branco, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 27/01/2014

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Guia online facilita compreensão do novo Código Florestal


Você já leu o novo Código Florestal? Para facilitar sua compreensão e colaborar com a aplicação efetiva da lei, o Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola e o Ipef – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais disponibilizaram para download gratuito o Guia para aplicação da nova lei florestal em propriedades rurais.

Em dez capítulos, o guia explica a complexidade do Código Florestal e sua aplicação para as propriedades rurais de qualquer tamanho. A responsabilidade do documento é grande. Segundo os autores, 68% das florestas brasileiras se encontram em áreas particulares, fora da proteção pública. Portanto, concluem, é preciso saber como realizar o manejo da área. (Fonte: Planeta Sustentável)

Acesse o link abaixo:
http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/52d7c3a819c3e_Guia_Aplicao_Nova_Lei_Florestal.pdf

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Energia solar e a falta de interesse do poder público, artigo de Heitor Scalambrini Costa





[EcoDebate] Nesse ano que passou havia muita esperança de que a energia solar fotovoltaica de uso residencial pudesse deslanchar no Brasil, após a edição da Resolução Normativa (RN) no 482/2011, da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Eu mesmo cheguei a escrever um artigo, em 19/12/2012, intitulado “A hora e a vez da geração distribuída”.

Ledo engano. Em 2013, segundo o estudo “Os brasileiros diante da microgeração de energia renovável”, realizado pelo Greenpeace, em parceria com a Market Analysis, os resultados decorrentes da Resolução foram pífios. De onde se conclui que a RN 482, que deveria reduzir as barreiras e estimular a instalação de geração distribuída de pequeno porte conectada à rede elétrica, principalmente nas residências, se tornou um grande fiasco.

Ainda segundo o estudo citado, somente 131 sistemas domiciliares de geração fotovoltaica foram instalados em todo o Brasil. Foi em São Paulo onde se concentrou o maior numero de instalações, 22; vindo a seguir o Ceará, com 14. Em Pernambuco, apenas 4 instalações foram realizadas.

Esses números são irrisórios diante das possibilidades que o país possui, principalmente devido à alta incidência de radiação solar em praticamente todo o seu território. Em contraste, a Alemanha, líder no mercado global de geração de energia solar, em 2012, contava com cerca de 1,5 milhão de produtores individuais de energia, a partir de painéis solares fotovoltaicos.

Então, se temos Sol em abundância porque não aproveitá-lo mais para gerar eletricidade?

Identificamos como a causa principal a falta de interesse dos gestores da área energética em relação a esta importante fonte de energia. Em países que hoje utilizam consideravelmente o potencial solar, o Estado teve uma participação fundamental, alavancando a cadeia produtiva fotovoltaica. Os incentivos foram para os dois extremos da cadeia: para quem produz os equipamentos e para quem os compra. Quer reduzindo impostos, dando subsídios, criando linhas de crédito, informando a população acerca dos benefícios, quer comprando grandes quantidades para instalar em equipamentos públicos (escolas, hospitais, escritórios dos órgãos públicos, etc.). Estas ações resultaram no desenvolvimento do mercado, e na consequente redução dos preços, tornando os equipamentos mais acessíveis.

Outros aspectos interessantes apontados pelo estudo do Greenpeace/Market Analysis foram o baixo nível de conhecimento que a população possui sobre a Resolução da ANEEL (75% dos entrevistados não sabem nada ou pouco sabem). Mesmo com o desconhecimento, 90% dos entrevistados mostraram interesse em saber mais e, caso houvesse linhas de crédito com juros baixos, optariam por produzir sua própria energia, adotando os sistemas fotovoltaicos em suas residências. Fica claro, portanto, que o governo federal e as distribuidoras responsáveis pelas instalações nada fizeram para divulgar a Resolução e as enormes possibilidades que tem a energia solar em nosso país.

Sem dúvida a eletrificação de residências com sistemas fotovoltaicos tem se mostrado como uma opção tecnológica de grande importância em vários países do mundo, com programas federais e locais que incentivam e oferecem condições financeiras adequadas para que tais sistemas contribuam efetivamente para a diversificação da matriz elétrica.

No Brasil, estamos distantes de aproveitar nosso enorme potencial, principalmente na região nordeste, onde ao longo do ano o Sol brilha por mais de 3 mil horas. Verificam-se atualmente iniciativas pontuais de geração centralizada de energia fotovoltaica, como as instalações nas recém construídas arenas para a Copa de 2014, e a experiência bem sucedida do governo de Pernambuco, que realizou um leilão exclusivo para esta fonte energética e selecionou 6 projetos, totalizando 122,8 MWh de potencia instalada, a um preço médio de R$ 228,00/MWh. No entanto, estes são projetos de geração industrial e não de micro geração descentralizada.

Resumindo: no Brasil, a contribuição da eletricidade solar na matriz elétrica é desprezível, pois a falta de interesse do governo federal dificulta uma maior disseminação dessa tecnologia – madura e promissora. Entendemos ser completamente sem cabimento a falta de apoio à eletricidade solar. E a justificativa de ela ser mais cara esbarra com a experiência mundial que mostra ser o apoio do Estado necessário para desenvolver o mercado.Energia solar e a falta de interesse do poder público

Heitor Scalambrini Costa, Articulista do Portal EcoDebate, é Professor da Universidade Federal de Pernambuco.

EcoDebate, 20/01/2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Educação ambiental para as crianças de hoje


Maria Tereza Jorge Pádua - 14/01/14


Crianças visitam uma usina de reciclagem em Poá/SP. A imagem é boa, mas só isso não basta. Foto: Julien Pereira / Prefeitura de Poá-SP

Embora existam muitos projetos de educação ambiental para crianças, eles são sempre pontuais, portanto incompletos, não permitindo visão do conjunto da problemática ambiental. Com demasiada frequência abordam temas muito concretos, como a reciclagem, por exemplo, ensinando a fazer papel reciclado, ou a usar outros materiais descartáveis como latas, vidros, garrafas pets, etc. Também existem alguns cursinhos de compostagem, uso do biogás ou vivências na natureza.

Não há que se desprezar o ensino do uso menos consumista e mais eficiente dos recursos naturais. No entanto, isso deixa a desejar se as crianças não entendem que a reciclagem serve de muito pouco, se não for acompanhada de uma melhor compreensão do contexto ambiental e de uma explicação das outras ações que são tão ou mais importantes e urgentes. É quase uma enganação fazer com que as crianças acreditem que reciclando farão algo realmente importante, se o gesto não vier acompanhado da análise do "antes" e do "depois" do lixo e do produto reciclado. Na verdade, o mais importante é que jovens estudantes compreendam porque não deve haver desperdício.

Neste contexto, surpreende o imenso vazio que caracteriza o ensino, formal ou informal, do que realmente é a natureza e da importância da conservação da biodiversidade. Não se trata de ensinar a "amar e cuidar dos bichinhos do mato". Trata-se de explicar os fundamentos da ecologia e a importância dos seres vivos e de todos os fatores abióticos que com eles interagem, o que pode perfeitamente ser feito de uma maneira amena e simples.

No Brasil, praticamente não há ensino formal nos níveis fundamental e médio sobre o tema e são poucos os projetos da sociedade civil que o abordam seriamente. Nas universidades, essas são disciplinas exclusivas para os que vão se dedicar às profissões relacionadas. Depois reclamamos que mesmo nossas autoridades constituídas, e até mesmo algumas da área ambiental, ignoram solenemente o assunto. Pudera: onde aprender? Onde aprender sobre o que é o mais fundamental para a nossa espécie, a vida?

Sempre digo que nossa espécie é suicida e os fatos vêm demonstrando isso. Assuntos como mudanças climáticas com a repercussão direta sobre a conservação da biodiversidade ou a permissividade de nossas novas leis para o uso florestal, por exemplo, para o desmatamento, para as queimadas, para as enormes monoculturas, para o uso inadequado das águas, aí estão para serem abordados nas salas de aula.

Os profissionais que hoje trabalham na área ambiental são, em geral, engenheiros florestais, biólogos, agrônomos, geógrafos, sanitaristas e médicos veterinários. É óbvio que deles se espera que saibam a real dimensão da problemática ambiental. Mas eles não são os únicos, nem principalmente os que decidem o futuro da nação. O futuro depende de muitos outros que, no passado, tinham uma formação global que lhes permitia compreender a real dimensão do ambiente. Com efeito, antes de existirem estas profissões, trabalhavam na área de conservação da natureza, ou por ela lutavam, engenheiros civis (André Rebouças, Euclides da Cunha, por exemplo), médicos (Luiz Emídio de Mello Filho, Ângelo Machado) e engenheiros agrônomos (Wanderbilt Duarte de Barros, Alceo Magnanini, David Azambuja, entre outros). José Bonifácio Andrada e Silva, talvez nosso mais expressivo ambientalista do passado remoto, fez vários cursos, desde História Natural até Mineralogia.

Os pedagogos responsáveis pela educação de nossas crianças não estão sendo bem preparados para lidar com conservação da biodiversidade e, assim sendo, por maior que seja a boa vontade dos mesmos, não conhecem o assunto. Além de boa vontade, o ensino necessita de conhecimentos específicos, o que é cada dia mais difícil, pois professores são mal remunerados e pouco respeitados.
Mais importante ainda é o fato de não se exigir este ensino na área formal da educação. Por isso, muitos se arvoram em serem doutores no assunto, mesmo sendo neófitos ou totalmente ignorantes sobre o tema.

O Brasil, que é o país mais megadiverso do planeta, o que possui a maior mancha de floresta tropical e a maior bacia hidrográfica, é um dos que menos educa sobre estes temas fundamentais para a sobrevivência de nossa espécie. Assim sendo, se a educação pública não fizer uma profunda e urgente mudança, é improvável que o futuro seja mais favorável a um equilíbrio entre sociedade e ambiente. Parafraseando Jared Diamond: "ainda bem que não estarei aqui daqui a cinquenta anos".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Calor e frio extremos: um futuro nada animador


Paulo André Vieira - 12/01/14


Nas últimas semanas o verão no hemisfério sul fez muitos brasileiros incluirem em seu vocabulário termos como sensação térmica e índice de calor, enquanto os cidadãos dos EUA eram castigados por nevascas e uma onda de frio como há muito não se via no país. Enquanto no Rio de Janeiro os cariocas enfrentavam uma sensação térmica de 50ºC, no nordeste do estado americano de Montana eram esperados -50ºC.

Segundo o novo relatório do IPCC publicado no final de 2013, as mudanças climáticas causada pelo homem são provavelmente umas das responsáveis pelos eventos climáticos extremos e as calamidades causadas por eles. O relatório é direto ao apontar que é extremamente provável que a influência humana tem sido a causa dominante do aquecimento observado desde 1950.

A imagem abaixo, divulgada pelo Earth Observatory da NASA, mostra as chuvas que castigaram os estados de Minas Gerais e Espírito Santo em dezembro de 2012. Até 27 de dezembro pelo menos sete cidades registraram novos recordes para quantidade de chuva recebida em um único mês, de acordo com uma análise preliminar conduzida pelo Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET).

O mapa compara as taxas de precipitação de dezembro de 2103 com as médias registradas em dezembro entre 1998 e 2012. Quanto mais escuro o azul muito mais intensa do que a média foi a precipitação.


Já as duas imagens abaixo, que registram as variações na temperatura média da superfície da terra, mostram como variaram as temperaturas nos EUA no espaço de apenas um mês. O primeiro mapa, com dados dos dias 03 a 10 de dezembro de 2013, mostra uma costa oeste com temperaturas abaixo da média enquanto a costa leste e o Alasca registravam temperaturas bem acima da média histórica para o período. Um mês depois o panorama se inverte, com os dados dos dias 1 a 7 de janeiro de 2014 mostrando as baixíssimas temperaturas registradas na costa leste e um inverno muito menos rigoroso na costa oeste.



Enquanto isso a Europa enfrentava um período de clima excepcionalmente quente, que fazia as celebrações de fim de ano terem chuva em vez de neve, enquanto se discutia se haverá neve suficiente para os próximos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia.


Já na Austrália o ano de 2013 se provou o mais quente na história. Quase 9% das cidades e vilas da Austrália registraram temperaturas recordes entre 01 e 04 janeiro de 2014.


Por fim, a animação abaixo, feita com dados do Laboratório Geofísico de Dinâmica dos Fluidos do NOAA, mostra uma projeção para as temperaturas da superfície do planeta até o ano 2100, caso o pior cenário de emissões de gases se concretize. Medindo a diferença entre a quantidade de energia solar que entra e sai de nosso planeta é possível definir o quanto ficou armazenada no sistema terrestre de acordo com as concentrações de gases de efeito estufa, partículas de aerossóis emitidas e outros agentes climáticos.

Este cenário, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, prevê um armazenamento adicional de 8,5 watts por metro quadrado (W/m2) adicionais. Se isso vier a ocorrer, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 °C e 4,8 °C ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros. Na animação, a cor vermelha significa que a temperatura é prevista para ser maior do que a média do século 20, e se é azul está previsto para seja menor do que a média. Se os números acima não conseguem deixá-lo preocupado, talvez a quantidade de vermelho na animação abaixo consiga (a animação é grande, pode demorar um pouco para terminar de carregar).


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Grave déficit de abelhas ameaça cultivos na Europa



A Europa tem um déficit de 13,4 milhões de colmeias, ou seja, de 7 bilhões de abelhas, para polinizar seus cultivos corretamente, afirmaram cientistas da Universidade de Reading. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias.

Segundo as conclusões do estudo [Promoting Pollinating Insects in Intensive Agricultural Matrices: Field-Scale Experimental Manipulation of Hay-Meadow Mowing Regimes and Its Effects on Bees] publicado nesta quarta-feira na revista Plos One, devido ao desenvolvimento dos cultivos de oleaginosas (como soja, girassol ou canola, usados principalmente como agrocombustíveis), as necessidades de polinização cresceram cinco vezes mais rápido do que o número de colmeias entre 2005 e 2010.

“A Europa tem apenas dois terços das colmeias de que precisa, isto é, um déficit de 13,4 milhões de enxames, o equivalente a 7 bilhões de abelhas”, informaram os autores do estudo.

Na metade dos 41 países estudados, “não há suficientes abelhas para polinizar corretamente os cultivos, principalmente na França, Alemanha, Reino Unido ou Itália”, acrescentaram os cientistas.

O caso da Grã-Bretanha é um dos mais preocupantes, pois este país tem menos de um quarto do número de abelhas de que precisa para a polinização.

Segundo os cientistas, a agricultura se tornou cada vez mais dependente dos polinizadores “selvagens” (besouros, etc), espécies que podem ser vulneráveis, especialmente no caso das monoculturas, concluíram os cientistas.

“Este estudo mostra que a política europeia na área dos biocombustíveis tem como consequência imprevista nos tornar mais dependentes dos polinizadores silvestres”, destacou Tom Breeze, um dos autores do estudo.

Promoting Pollinating Insects in Intensive Agricultural Matrices: Field-Scale Experimental Manipulation of Hay-Meadow Mowing Regimes and Its Effects on Bees Pierrick Buri, Jean-Yves Humbert, Raphaël Arlettaz Research Article | published 09 Jan 2014 | PLOS ONE 10.1371/journal.pone.0085635

EcoDebate, 10/01/2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Nasa prevê ‘chuva de ferro derretido’ e ‘neve’ de areia quente em estrela anã


A primeira previsão do tempo para uma estrela anã marrom acaba de ser divulgada – e os prognósticos não são bons. Astrônomos preveem chuva de ferro derretido e ‘neve’ de areia quente, com possibilidade de trovoadas e furacões.

Novas observações do telescópio Spitzer, da agência espacial americana Nasa, revelam nuvens turbulentas que circulam ao redor da estrela anã marrom.

Estrelas anãs marrons são consideradas uma espécie de versão ‘fracassada’ de um astro normal, já que elas não conseguiram adquirir massa suficiente para sustentar o contínuo processo de fusão de átomos.

A previsão meteorológica foi divulgada no 23º encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Washington.

‘Deixe nevar’ – É o retrato mais detalhado já feito de um planeta fora do sistema solar.

Ao comentar o estudo, o professor Adam Burgasser, da Universidade da Califórnia, fez uma brincadeira com a canção de jazz “Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!”.

“Vamos todos cantar a previsão de nossa estrela anã mais próxima: deixe nevar pedras, deixe nevar areia, deixe nevar minerais”, disse Burgasser.

Os astrônomos usaram o Spitzer para analisar 44 estrelas anãs marrons diferentes no sistema de Luhman 16AB – o mais próximo da Terra com presença de estrelas anãs, a 6,5 milhões de anos-luz do nosso sistema.

Eles encontraram evidências de clima em apenas metade delas.

“As tempestades em estrelas marrons são muito mais violentas e variáveis”, diz Aren Heinze, da Stony Brook University, de Nova York.

“A chuva é quente demais para virar água. Provavelmente se trata de ferro derretido e silicatos (areia).”

Na medida em que os astros giravam ao redor do próprio eixo, os astrônomos observaram mudanças no brilho da superfície – sinais da existência de nuvens.

“Isso faz de nós ‘astro-meteorologistas’. Nós conseguimos prever quão encoberto o tempo ficará, qual será a temperatura e quanto vento haverá em um determinado dia”, disse Burgasser.

Os ventos detectados possuem velocidades de 160 a 640 quilômetros por hora. As temperaturas alcançam 1,2 mil graus e há nuvens cobrindo metade da superfície do planeta.

Uma nuvem sozinha chega a cobrir 20% da estrela. Astrônomos a compararam com a Grande Mancha de Júpiter, uma gigantesca tempestade que cobre 1% do planeta.

“Ao que tudo indica, a Grande Mancha Vermelha não é tão grande assim”, diz Burgasser. (Fonte: G1)